Fratura do Planalto Tibial: anatomia, diagnóstico e tratamento
A estrutura óssea da perna é composta por dois ossos: a tíbia e o perônio, que também é chamado de fíbula. Vale ressaltar que a tíbia é considerada o osso mais extenso da perna, sendo também o de maior importância.
Além disso, a tíbia é formada por três segmentos. O primeiro deles, próximo ao joelho, é chamado de proximal. Os outros dois são o diáfise e o distal, localizados respectivamente no centro da perna e próximo ao tornozelo.
A porção proximal da tíbia é chamada de “planalto” ou “platô”. A formação do planalto tibial compreende uma inclinação posterior de 10º, apresentando dois platôs (côndilos). Cada uma dessas estruturas apresenta uma face superior lisa, ovóide e grande. O platô lateral, por sua vez, apresenta aproximadamente 4mm de tecido cartilaginoso que o recobre, sendo uma estrutura convexa e é mais alto que o platô medial.
Já o platô medial, conta com 3mm de cartilagem que o recobre, mas é mais largo do que o lateral, além de ser côncavo.
Índice
Conhecendo a importância do planalto tibial
Em conjunto com o fêmur, o planalto tibial compõe a articulação do joelho. Dessa forma, é imprescindível que o platô se mantenha íntegro, pois isso é necessário para o funcionamento das funções do joelho, como os movimentos de extensão e flexão.
Diversas estruturas estão inseridas no platô, como os ligamentos cruzados existentes no joelho (LCP e LCA), bem como tendões, outros ligamentos e os meniscos.
De que formas ocorrem tais casos de fraturas
As forças que levam a fraturas do planalto tibial ocorrem em valgo (com a perna inclinada para fora) ou em varo (com a perna inclinada para dentro. Há sempre a associação dessas forças com uma carga de natureza axial, gerando forças de compressão ou cisalhamento.
A chamada “fratura do para-choque” é, na verdade, um tipo de fratura do platô lateral, que acontece em virtude de algum impacto na porção lateral do joelho, gerando uma força que causa deformação em valgo, decorrendo de associação a uma sobrecarga do côndilo lateral do fêmur sobre o platô lateral.
Dependendo do tipo de fratura, esta poderá se apresentar com muitos fragmentos, sendo classificada como “cominutiva”. Nesse caso, o trauma causado é de alta energia e pode ser originado por situações de quedas de alturas elevadas quando o joelho está estendido. Em se tratando de idosos, as fraturas costumam apresentar afundamento do platô para dentro da tíbia.
As fraturas do planalto tibial representam 1% das ocorrências de fraturas em indivíduos adultos e apresentam gravidade de amplo espectro. Duas populações estão entre as acometidas: pessoas idosas, que sofrem traumas de baixa energia e indivíduos jovens, que sofrem acidentes envolvendo alta energia. No primeiro caso, as fraturas costumam decorrer de atividades cotidianas, já no segundo, podem acontecer por causa de acidentes de trânsito.
É importante salientar que, em se tratando do Brasil, os acidentes envolvendo automóveis estão entre as causas mais frequentes de fraturas do planalto tibial.
Fraturas do planalto tibial: Os sintomas mais frequentes
O indivíduo acometido por este tipo de fratura não consegue apoiar o peso do corpo. Além disso, inchaço (edema) e dores na região do joelho afetado são frequentes. Outro sinal bastante característico de fratura do planalto tibial é o derrame articular (hemartrose).
Quando da ocorrência de lesões dessa natureza, é comum que haja aumento da pressão no interior da perna (síndrome compartimental), bem como a existência de bolhas no local e fraturas expostas. Nesse último caso, o quadro requer mais cuidados.
Saiba se há o risco de ocorrência de outras lesões
Em decorrência da forma como a fratura do planalto tibial acontece, pode haver a ocorrência de outras lesões em paralelo. Em mais da metade dos casos, é comum que ocorram lesões de menisco. As lesões ligamentares, por sua vez, estão presentes em aproximadamente 30% dos casos. Lesões arteriais e nervosas também podem ocorrer.
Como o diagnóstico da fratura do planalto tibial
O método diagnóstico depende do tipo de fratura apresentado. O médico levará em conta os achados decorrentes do exame físico e da história clínica do paciente. O médico especialista também poderá solicitar exames complementares de imagem. Nesses casos, a radiografia costuma ser amplamente solicitada para o diagnóstico.
A tomografia também é largamente empregada, sobretudo para se avaliar o padrão de ocorrência da fratura. A ressonância magnética, embora menos empregada, auxilia na elucidação de casos envolvendo lesões de partes moles, ligamentos e meniscos. Para casos em que se suspeita de lesões arteriais, exames como angiotomografia e arteriografia poderão ser solicitados.
Compreenda a gravidade da fratura do planalto tibial
A diferenciação das fraturas se dá em virtude do grau de gravidade apresentado. Há 4 parâmetros empregados para classificação do nível de gravidade das fraturas do planalto tibial. Confira:
- Ocorrência de lesões graves de partes moles ou fraturas expostas;
- Presença ou ausência de síndrome compartimental;
- Associação de lesões vasculares;
- Padrão da fratura.
Os padrões de classificação da fratura do planalto tibial
Embora as fraturas sejam diferentes em cada indivíduo, estas podem apresentar determinados padrões. Dentre as classificações empregadas estão a de Moore (1981), a de Hohl e Luck (1956), a de Lou (2010), a da AO e a de Hohl (1991).
A classificação de Shatzker, por sua vez, é uma das mais empregadas. Esta divide as fraturas do planalto tibial em 6 tipos, sendo as de alto impacto classificadas como IV, V e VI.
Formas empregadas para tratamento desta fratura
O tratamento empregado dependerá da gravidade do quadro, bem como de outros parâmetros. Veja os tipos de tratamento adotados:
Tratamento conservador
Costuma ser adotado para fraturas com desvios menores de 2 mm, fechadas e sem ocorrência de lesões vasculares e síndrome compartimental. O tratamento se baseia no emprego de órteses e orientações acerca de restrições de cargas.
A órtese é mantida fixa até a 3ª semana, devendo a movimentação ser progressiva. A restrição de cargas deverá ser mantida entre 8 e 12 semanas.
Tratamento cirúrgico
Trata-se do tratamento indicado para grande parte dos casos. A técnica empregada dependerá da gravidade do quadro. Em alguns casos, há a necessidade de mais de um tipo de cirurgia. Para fraturas expostas e fechadas de alta energia, o tratamento inicial poderá envolver a utilização de fixador externo.
Em casos de síndrome compartimental, realiza-se um procedimento para alívio da pressão interna da perna, chamado de fasciotomia. Quando há lesões vasculares, é necessário que se realize a reparação da artéria. Algumas das técnicas empregadas envolvem o emprego de hastes, fixadores externos, parafusos e placas.
Embora os tratamentos sejam considerados seguros, algumas raras consequências poderão ser observadas, como pseudartrose, rigidez do joelho, artrose, deformidade residual e outras.
Principais considerações sobre o período pós-operatório
A reabilitação fisioterápica é iniciada logo após a cirurgia. O planejamento da reabilitação será realizado com base no quadro de cada paciente, uma vez que está condicionado à gravidade da fratura e a possíveis lesões associadas. Na maioria dos casos, o joelho operado poderá ser imobilizado, sem que o paciente apoie o pé no chão.
A carga costuma ser liberada após um período de 8 a 12 semanas. O retorno às atividades, entretanto, poderá acontecer após 6 meses. Nos casos mais graves, a liberação será em até 1 ano.
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