A luxação patelar ocorre quando a patela (osso localizado na frente do joelho) se desloca de sua posição natural no sulco troclear. É a forma mais comum de luxação no joelho em atendimentos ortopédicos.
Quando acontece pela primeira vez, é chamada de luxação patelar primária. Já nos casos recorrentes, recebe o nome de luxação recidivante da patela. A definição correta é importante porque o tratamento pode variar conforme o tipo e a frequência do deslocamento.
A patela está situada entre o tendão patelar (abaixo) e o tendão do quadríceps (acima), sendo fundamental para o mecanismo de extensão do joelho.
Índice
Tipos de luxação na patela
Existem duas principais formas de luxação:
- Luxação traumática da patela: resultado de impacto direto, como em pancadas no joelho durante esportes (por exemplo, futebol). A patela é empurrada para fora do sulco, causando deslocamento completo.
 - Instabilidade patelar crônica: ocorre devido a fatores anatômicos, como alterações no alinhamento ou na formação óssea, que tornam o joelho mais suscetível ao deslocamento, mesmo sem trauma direto.
 
Causas da luxação patelar
A luxação da patela pode ser desencadeada por:
- Movimentos bruscos ou mudanças rápidas na direção durante esportes.
 - Entorses no joelho e traumas diretos.
 - Fatores anatômicos congênitos (como displasia troclear).
 - Obesidade e sedentarismo.
 - Excesso de peso ou posturas prolongadas com sobrecarga nos joelhos.
 
A patela atua na proteção do joelho e no movimento de dobrar e esticar a perna. Por isso, o equilíbrio muscular e a biomecânica adequada são fundamentais para prevenir instabilidades.
Veja também: Condromalácia patelar: o que é, sintomas e tratamentos
Deslocamento lateral da patela quando há instabilidade ou luxação
Sintomas da luxação na patela
- Dor intensa, inchaço e vermelhidão.
 - Impossibilidade de movimentar o joelho.
 - Sensação de que a patela “saiu do lugar”.
 - Em casos recorrentes, o paciente pode sentir a patela instável, mesmo sem deslocamento completo.
 - Em alguns episódios, a patela retorna sozinha para o lugar.
 
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por um ortopedista com base em:
- Exame físico e histórico clínico
 - Exames de imagem, como:
- Radiografia
 - Tomografia
 - Ressonância magnética
 - Ultrassonografia (em casos específicos)
 
 
O médico avalia a estabilidade da articulação e o alinhamento da patela, além de investigar lesões associadas, como cartilagem ou ligamentos.
Tratamento da luxação patelar
Tratamento conservador (sem cirurgia)
Recomendado para casos leves ou na primeira luxação:
- Imobilização temporária.
 - Fisioterapia para fortalecimento muscular.
 - Analgésicos e anti-inflamatórios.
 - Reeducação postural e correção biomecânica.
 
O objetivo é promover a cicatrização do ligamento patelofemoral medial (LPFM) e evitar novos episódios.
Tratamento cirúrgico
Indicado em casos de:
- Luxações recidivantes
 - Comprometimento do LPFM
 - Lesões osteocondrais ou da cartilagem
 - Deformidades anatômicas
 
Tipos de cirurgia:
- Reconstrução do LPFM: utiliza-se um enxerto (geralmente do tendão semitendíneo ou grácil) para reconstituir o ligamento danificado.
 - Osteotomia da tuberosidade anterior da tíbia: reposiciona a inserção do tendão patelar, realinhando a patela.
 - Liberação lateral (release): reduz a tensão excessiva no lado externo da patela.
 - Trocleoplastia: remodela o sulco troclear quando há displasia acentuada.
 
Recuperação após cirurgia
- Uso de muletas e imobilização nos primeiros dias.
 - Fisioterapia progressiva para recuperar a mobilidade e o controle muscular do quadril, coxa e tronco.
 - Retorno gradual às atividades, com foco no fortalecimento muscular.
 - Em lesões graves, o retorno ao esporte pode levar de 6 a 9 meses.
 
Como prevenir a luxação patelar
- Fortalecer a musculatura da coxa e quadril.
 - Praticar exercícios como caminhada, bicicleta ergométrica e musculação leve.
 - Corrigir desequilíbrios posturais.
 - Evitar sobrecargas em atividades de impacto.
 
Referência científica
Atualização em instabilidade patelar — Revista Brasileira de Ortopedia (RBO)
