Luxação patelar: Causas, sintomas e tratamentos

Luxação patelar consiste em um deslocamento repentino da patela de sua posição natural, sendo a mais comum luxação de joelho dos pacientes que procuram um consultório médico. Caso seja a primeira vez que a patela sai do lugar, este problema receberá o nome de primo luxação da patela, mas se for uma reincidência, passa a ser definido como luxação recidivante da patela. Cada luxação tem uma abordagem diferente em seu tratamento.

A patela é o osso pequeno localizado na frente do joelho, abaixo do tendão patelar e acima do quadríceps. A junção do tendão quadríceps, patela e tendão patelar é que permite o mecanismo de movimento e esticamento do joelho.

Há dois tipos de luxação, sendo elas: a luxação traumática da patela, que costuma ser resultado de um trauma no joelho que ocasiona no deslocamento da patela, que é quando a patela é empurrada totalmente para fora do seu sulco troclear. Esse tipo de luxação é mais comum em esportistas, sobretudo quem pratica futebol, devido as constantes pancadas decorrentes dos “carrinhos”. Entretanto, quem não pratica esportes também pode ser acometido com esse tipo de luxação.

O outro tipo de luxação na patela é denominado de instabilidade patelar crônica. Neste caso, há fatores relacionados a própria formação anatômica dos ossos do joelho, o que predispõe a pessoa a ter a problema, independentemente de práticas esportivas intensas ou da realização de movimentos bruscos e repentinos.

Causas de uma luxação na patela

Esse tipo de luxação é mais comum em quem pratica esportes, já que está relacionada com acidentes ou movimentos rápidos feitos com os joelhos, mas não é um problema exclusivo desse grupo. Também pode ocorrer quando a pessoa realiza uma mudança repentina na forma como direciona a perna em direção ao chão ao pisar, deixando a patela sob estresse.

Uma pancada ou entorse também pode provocar a luxação, bem como fatores congênitos, como má formação do trilho ou da própria patela. Traumas e obesidade também podem ser fatores que desencadeiam uma luxação na patela, devido a pressão sobre os joelhos.

Vale destacar que a patela é responsável por proteger os joelhos e, por estar ligada ao quadríceps, permite que se realize movimentos de dobrar e esticar a perna. Por isso, excesso de peso, exercícios ou até mesmo sedentarismo, como quem fica muitas horas sentado na mesma posição, poderá contribuir para um deslocamento da patela.

Deslocamento lateral da patela quando há instabilidade ou luxação

Deslocamento lateral da patela quando há instabilidade ou luxação

Sintomas de uma luxação na patela

Após uma luxação da patela pode ocorrer inchaço, paralização do joelho afetado, dor e vermelhidão, sobretudo se ocorre a luxação traumática da patela. Em muitos casos é visível que o osso se deslocou de lugar no momento da luxação. Alguns pacientes podem sentir mais ou menos dor a depender da intensidade da causa da luxação na patela. Em muitos casos a patela volta ao lugar sozinha, sendo apenas necessário intervenção médica para retomar a estabilidade do joelho em casos muito pontuais ou crônicos.

No caso de uma instabilidade patelar crônica, as dores costumam ser menos intensas, mas por outro lado são mais comuns e recorrentes. O paciente com episódio de luxação recidivante da patela também sente que a patela está saindo e voltando para o lugar com bastante frequência, ainda que nem sempre isso seja visível a olho nu.

Diagnóstico da luxação na patela

Primeiramente, o diagnóstico da luxação da patela é baseado no exame físico e histórico clinico do paciente, seguido de exames de imagem como um ultrassom, radiografia, tomografia ou ressonância magnética. O médico também avaliará o estado atual do joelho, podendo solicitar os exames apenas para confirmar a suspeita de luxação de patela ou para já iniciar o tratamento correto do paciente, como em casos que é muito explicito que houve uma luxação, já que o osso deslocado pode ficar visível, e o diagnóstico ocorre antes dos exames.

Tratamento para luxação na patela

Nos casos de instabilidade patelar que não necessitarem de intervenção cirúrgica, o tratamento se foca em buscar a cicatrização do ligamento patelofemoral medial. Enquanto o resultado esperado não é obtido, o médico poderá receitar terapia com analgésicos e fisioterapia. Entretanto, se for necessária a realização de um procedimento cirúrgico, na grande maioria dos casos, será realizada a reconstrução do ligamento patelofemoral medial.

A cirurgia no joelho é indicada nos casos de: luxação recidivante da patela, sintomas de apreensão que atrapalham atividades corriqueiras, e associação com lesões de cartilagem. Quem não se adequa aos casos citados, mas ainda assim quiser prevenir novos casos no futuro, ainda que não haja certeza se eles poderão vir a existir, poderá optar pela cirurgia, se seu médico não encontrar nenhum tipo de objeção para sua saúde.

Tipos de cirurgias para recuperar a instabilidade da patela

Nos casos em que a cirurgia for necessária, o médico definirá qual a mais indicada para cada caso, sendo estas as seguintes opções:

  • Cirurgia de reconstrução do ligamento patelofemoral medial: Procedimento em que é feito um enxerto do tendão do paciente a fim de refazer o ligamento. Na maioria dos casos é utilizado enxerto da parte interna da perna do paciente através de uma incisão de 2cm a 3cm. O enxerto é fixado tanto na patela do paciente, quanto no fêmur, através de pontos específicos para proporcionar tanto a estabilidade necessária da paleta, quanto a volta da normalidade da mobilidade do joelho.
  • Osteotomia da tuberosidade da tíbia: Consiste em um corte realizado no osso da tíbia, a fim de reposicionar o local em que o tendão patelar está inserido. Dessa forma é possível o realinhamento da patela ou até mesmo a correção da altura patelar. O procedimento é um pouco mais complexo que o anterior e terá a passagem de um fio guia que serve para direcionar onde será o corte ósseo. Depois é realizado o corte onde serão afixados, temporariamente, fios metálicos. Após os ossos estarem na posição desejada, esses fios serão substituídos por parafusos.
  • Liberação (ou release) lateral: Procedimento moderno que serve para realizar a liberação das estruturas que prendem a patela na parte externa ou lateral, quando ocorre excesso de tensão. Esse tipo de cirurgia pode ser realizado através de via aberta ou artroscopia.
  • Trocleoplastia: Serve para realizar a correção do formato da tróclea femoral, que é o sulco onde a patela se apoia no fêmur.

Se recuperando no pós-operatório

Além do prazo de repouso determinado pelo médico nos primeiros dias após o procedimento cirúrgico, e de recomendações especificas do tipo de tratamento cirúrgico realizado, o paciente precisará de muletas e imobilização do local afetado durante a busca pela total estabilidade do joelho. Aos poucos, poderá voltar a apoiar o pé da perna operada no chão para ir recuperando sua movimentação gradativamente.

Durante o tempo de reabilitação, que varia de acordo com o caso de cada paciente, é feito o restabelecimento de toda a mobilidade do joelho e recuperação do controle muscular do quadril, coxa e tronco, bem como a regeneração da força nesta região.

Como prevenir uma luxação na patela

O ideal é fazer exercícios físicos que fortaleçam a musculatura ao redor do joelho e da coxa. Exercícios simples como caminhar, andar de bicicleta (ou fazer ergométrica) ou realizar musculação podem ajudar a melhorar a estabilidade da patela e prevenir uma luxação. Músculos mais fortes se tornam menos propensos a luxações.

Referência

Texto sobre atualização em instabilidade patelar com o Dr. Fabricio Severino publicado na Revista Brasileira de Ortopedia: Atualização em instabilidade patelar.

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